Tendências da Criação Teatral
O que se vê nas produções atuais de teatro é que a maioria delas tem sua criação orientada pela participação do público na trama. A necessidade de tocar e pegar mais do que apenas falar com o público, tem sido uma tendência criativa das companhias de teatro do país.
Tadeusz Kantor, repetia energicamente que a arte teatral deveria ocorrer diante e com o público e não somente para o público. Este pensamento determina a igualdade de expressão entre artistas e platéia diluindo as fronteiras entre ambos. O recurso dos “sem limites” provoca a chance de não mais haver teatro social para pobres ou comercial para ricos, haverá teatro para todos.
Vídeos-instalação, espetáculos sonoros e antidrama são estratégias para reinventar o teatro!
O FIT que aconteceu nesta semana, Festival de Teatro de São José do Rio Preto, trouxe à cena, não espetáculos de sucesso, mas espetáculos que experimentaram novas linguagens, e o lado bom de tudo isso é que mesmo os mais experimentais tiveram boa recepção do público.
O americano Richard Maxwell e o canadense Denis Marleau se apresentaram pela primeira vez no Brasil com espetáculos radicalmente diferenciados. Maxwell utilizou-se do western e do musical para criar uma atmosfera anti-dramática. Já Marleau usou o teatro simbolista por meio de um vídeo-instalação, retirando e refazendo as fronteiras do teatro e das artes visuais. Luiz Päetow, apresentou em “Abracadabra” uma proposta mais sonora que visual, iluminando sua montagem apenas por lanternas, o espetáculo não continha história e nem personagens! A Cia São Jorge de Variedades misturou teatro de câmara e de rua, apresentando um espaço cênico sem limites. Os espanhóis de “Kamchàtka” invadiam as ruas e casas da cidade, porém sempre muito silenciosos.“Otro”, investigou o relacionamento entre cidade e pessoas, fazendo uso de vídeo, dança, performance e música. A Cia Espanta! destacou-se no caminho para o futuro do teatro, ao propor narrações baseadas em lapsos temporais.
Para fomentar o debate sobre a produção contemporânea, o FIT ajudou a apontar caminhos. Se os experimentais tomarem força, o teatro pode e deve ser reinventado! Em um mundo contemporâneo como o nosso, precisamos do reinvento a cada dia, com cinemas 3D, realidade aumentada, cenários com projeções multimídias e tecnologias novas a cada minuto, o público quer e precisa de mais. Nos resta turbinar nossa criatividade e reinventar tanto os espetáculos como as platéias.
Carol Campos
Guia do Ator
Foto: Cia São Jorge de Variedades/Flickr Nathy Silva