Produtores e sindicatos de cinema debatem futuro das relações com streamings no Brasil

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Postado em: 28 / 07 / 2023 [10:30 am]

A partir da próxima segunda-feira (31) representantes dos Sindicato dos Técnicos do Cinema e Audiovisual (Sindcine), do Sindicato dos Artistas e Técnicos de Espetáculos e Diversões do Estado de São Paulo (Sated), produtores de TV e cinema e integrantes de coletivos audiovisuais negros e de periferias para discutir o futuro das relações entre o setor e os streamings no Brasil.
 
O evento pretende abordar as principais pautas levantadas na greve dos roteiristas e atores de Hollywood – iniciada em maio deste ano – evidenciando o contexto brasileiro, com destaque para a inclusão e representatividade nos sets de filmagem. Também serão discutidas a remuneração sobre direitos autorais, efeitos do streaming, conjuntura pós Covid, inteligência artificial e panorama dos festivais de cinema no mundo.
 
Os encontros serão abertos ao público, das 19h às 21h, e ocorrerão na sede da Academia Internacional de Cinema (AIC), em Higienópolis. As inscrições podem ser feitas gratuitamente no site da AIC. Dentre os presentes estarão o ex-diretor da Ancine, Eduardo Valente, a diretora de fotografia do coletivo Quilombarte, Júlia Barbosa, o sócio da Gullane Filmes, Fabiano Gullane, a presidente do Sindcine, Sônia Santana e Fábio Cesnik, principal referência na área de Mídia & Entretenimento no Brasil. 
 
Sônia Santana é uma das defensoras de que a greve em Hollywood tenha adesão mundial. A paralisação começou nos Estados Unidos após o sindicato de roteiristas do país exigir melhores remunerações e proteção jurídica aos profissionais que trabalham junto aos streamings.
 
O Brasil, por sua vez, é a segunda nação que mais consome serviços destas plataformas, de acordo com o relatório Streaming Global do Finder de 2021. O país deve amargar prejuízos financeiros com o cancelamento de filmes e séries hollywoodianos. 
 
No encontro com outros representantes do audiovisual, a presidente do Sindcine deve tratar sobre os direitos atuais que protegem os artistas brasileiros neste cenário. Ela acompanha diariamente questões trabalhistas dos profissionais que atuam na produção de séries, filmes e documentários e é consultada em questões políticas e econômicas relativas ao setor. 
 
Valorização da América Latina é urgente
Integrante da mesa sobre Produções Brasileiras nas Plataformas de Streaming, que ocorrerá na quarta-feira (02), o produtor Fabiano Gullane defende a participação do setor público na mediação entre empresas e artistas. 
 
"Pelo menos 85% de todo dinheiro que circula no mercado audiovisual no mundo é destinado a produções de língua inglesa e somente 15% para os outros países da América Latina, Europa, Ásia e África. Sem uma política pública clara e forte que defenda o interesse e o produto nacional, é muito difícil a gente vencer e conquistar um espaço neste mercado tão disputado e marcado pela conquista que os americanos tiveram na área", argumenta Gullane.
 
Para Flávia Rocha, diretora de comunicação da AIC, os governos têm o desafio de movimentar-se com rapidez para implementar regulamentações que respondam ao momento atual, pois as legislações de até mesmo dez anos atrás já não se aplicam à realidade de hoje. "A greve em Hollywood chamou a atenção para a urgência de se definir novas diretrizes para o mercado nacional. Tem um efeito de conscientização, colocando pressão para que o assunto entre com força na pauta do governo americano, com efeito também em outros mercados globais", diz ela. "Temos muito a discutir no Brasil". 
 
Serviço:
Local: Rua Dr. Gabriel dos Santos, 142
Datas: de 31 de julho a 03 de agosto
Horário: das 19h às 21h
 
Fonte e imagem: Assessoria