Atores e suas diferenças
Outro dia estava assistindo a um filme com a Julia Roberts e lembrei de algo que havia começado a reparar só depois que comecei a estudar atuação: como alguns atores se transformam entre um papel e outro e como outros atores quase não mudam nos diferentes trabalhos que realizam.
Antes que me sacrifiquem, só citei a Julia Roberts porque o último filme dela que vi foi “Comer, Rezar, Amar”, que me lembrou um pouco dos outros poucos filmes que vi com ela, como “Um lugar chamado Nothing Hill” e “O casamento do meu melhor amigo”. Essa é uma falha minha, porque até começar a escrever este texto, eu não sabia que o Oscar que ela havia ganhado foi antes de “Uma linda mulher”. Sim, meus caros, trata-se de “Flores de Aço”, de 1989. De qualquer forma, este não é um post para analisar o trabalho da Julia Roberts como atriz. Até porque fazendo personagens que não diferem muito da sua persona, ela continua dando um show e tornando qualquer filme mais agradável de se ver.
Voltando ao tema original, e trazendo um pouco mais pra realidade nacional, pense em atores bem conhecidos da teledramaturgia brasileira e veja se lembra dos nomes dos seus personagens ou apenas a característica da personagem, ou ainda a novela que ele fazia.
Agora faça o mesmo, tentando reparar nas diferenças entre cada papel (não vale figurino e corte de cabelo), se existem realmente grandes transformações entre uma personagem e outra. Difícil, certo?
Há diversos atores que realmente trabalham para se afastar da sua realidade como pessoa, para dar mais veracidade ao seu trabalho. Eles são parte de uma minoria, que vêm do teatro e cinema e exploram sua arte ao máximo. Existem aqueles que se preocupam apenas em ser “naturais” e falar o texto sem parecer que está decorado. Isso é o que a maioria aprende e acredita ser atuação, principalmente no Brasil. Ainda temos os que são orgânicos, falam o texto com propriedade, estudaram muito, mas ainda assim, são eles, os atores. Parece não haver personagem vivo. Às vezes, nesses casos, o ator se prende a um sotaque ou a um estado emocional, o que acaba tornado a personagem caricata.
É interessante quando fazemos a mesma pesquisa com vencedores do Oscar, por exemplo, e analisamos a sua filmografia. Meryl Streep, só pra citar um exemplo.
E pra ilustrar a coisa da caricatura, quantas vezes os colegas nordestinos, como eu, não ficaram indignados com o sotaque imposto quando a história da novela se passava em alguma cidade do Nordeste? Simplesmente porque era um sotaque que não existia, mas só quem sabia disso, eram os moradores daquela região.
Felizmente, parece que o mercado está passando por uma evolução e ficando mais exigente. Uma evolução mais do que necessária. Já que o Brasil, que está no foco do mundo pelos próximos anos, é um país emergente e uma das maiores economias do mundo, espera se tornar desenvolvido, nós da classe artística também devemos fazer parte dessa evolução e alavancar o nível dos atores brasileiros.
Já somos bem representados lá fora, mas ainda é muito pouco. A oportunidade de fazer e acontecer, é agora, nos próximos 5 anos.
O mundo estará de olho no Brasil, e Hollywood de olho nos atores brasileiros.