Débora Falabella estreia 'Depois a louca sou eu': 'Quem não está ansioso no país está alienado'

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Postado em: 25 / 02 / 2021 [01:25 am]

 
 
"Depois a louca sou eu" é um filme sobre a escritora Tati Bernardi, é um pouquinho sobre a Débora Falabella também e poderia ser sobre qualquer pessoa entre os vinte e muitos e os trinta e poucos.
 
O longa inspirado no livro homônimo da Tati estreia nesta quinta (25) nos cinemas e coloca toda uma geração nas telonas: "a geração Rivotril", como resume a diretora Júlia Rezende.
 
Ele acompanha Dani (Débora Falabella), uma publicitária aspirante a escritora que sofre de ansiedade e crises de pânico. É uma comédia dramática sobre jovens cansados, sobrecarregados, com muitas aspirações e pouca ideia de como equilibrar todos os pratinhos da vida rodando, sem deixar cair.
 
Para criar essa história que oscila entre realidade, surtos e imaginação, a diretora teve duas grandes inspirações: "Réquiem para um sonho", de Darren Aronofsky, e o diretor francês Michel Gondry ("Brilho eterno de uma mente sem lembranças").
 
A protagonista do filme foi construída com base no roteiro, claro, mas também em experiências da própria atriz, que já teve ansiedade e depressão.
 
"As questões que eu já tive, as questões que amigos próximos já tiveram, eu acho que isso acontece com muita gente que às vezes não tem coragem de dizer. E como eu sabia de muitas histórias, tudo serviu um pouco de inspiração", conta.
 
"Eu sofro de ansiedade, já passei por alguns episódios e acho que quem não está ansioso no nosso país está alienado."
 
O filme mostra a infância, a adolescência, os empregos, as paixões e o amor da personagem. Falabella também gravou entre amores.
 
Quem interpreta o par romântico dela é Gustavo Vaz, que foi namorado da atriz até ano passado. E a mãe dela (com quem a personagem tem uma relação importante) é interpretada por Yara de Novaes, integrante da mesma companhia de teatro de Débora.
 
Também estão no elenco Duda Batista, Rômulo Arantes Neto, Evandro Mesquita, Cristina Pereira, Debora Lamm e Beatriz Oblasser.
 
O filme é feminino: baseado na obra de uma autora, protagonizado, dirigido e produzido por mulheres. Mais da metade da equipe envolvida em todo o processo é formada por mulheres, celebra Falabella.
 
"Isso é sensacional. Quando eu comecei a fazer cinema, o set de filmagem era mais masculino. Eu tenho visto essa mudança. Em 'Aruanas', temos uma equipe mais de 50% feminina também. Acho que já tinha passado da hora de isso acontecer."
 
A escolha de Débora para interpretar a personagem principal foi vontade da própria Tati. Elas haviam se encontrado em um teatro de São Paulo pouco tempo depois do lançamento do livro em 2016, e a atriz disse que queria muito fazer a personagem caso tivesse um filme.
 
Quando Rezende comprou os direitos de adaptação do livro, a escritora lembrou da conversa.
 
A história da personagem não acaba no filme. Durante a quarentena e com o lançamento adiado em 10 meses, elas aproveitaram a discussão geral sobre saúde mental para lançar a websérie "Diário de uma quarentena".
 
Agora, elas querem continuar a história em uma série de TV, como sequência do filme. Os atores, a equipe e a produtora já toparam, só precisam alinhar o caminho.
 
O livro da Tati conta alguns causos de sua vida e muitas paranoias e pensamentos. Colocar cada um deles em cena exigiu muito trabalho de produção e direção, ultrapassagem dos limites de tempo e orçamento.
 
"Foram 77 trocas de roupa. A cada flash da cabeça dela, que durava menos de 10 segundos, era uma locação e uma produção diferentes. A cena com ela vestida de noiva vomitando, por exemplo, dura 4 segundos, mas precisamos abrir um set, colocar figurino, fazer a pós-produção do vômito. O mais caro no cinema é o tempo. Tive até que fazer uma justificativa para a Ancine", desabafa a produtora Mariza Leão.
 
Fonte: G1
Foto: Divulgação